Sou fascinado pelo tempo.
Mas não me refiro à meteorologia (claro que, como “velho lobo do mar”, tenho uma estação de tempo e a tábua da marés bem aqui, na palma da minha mão…). Falo do tempo, essa entidade indissociável do espaço desde Einstein (cuja Teoria da Relatividade está completando cem anos), e que dita nossas vidas, queiramos ou não.
Tudo é tempo, que passa. É forma que temos para nos localizar, nos contextualizar, no mundo. Tudo é tempo: o passado de que lembramos, o presente que vivemos e o futuro que sonhamos. Ou projetamos (sutil diferença entre sonhar um futuro e planejá-lo). Nascer, crescer, envelhecer, tudo é registrado em função dele, o senhor da razão, aquele que nunca volta atrás.
Falando nisso lembro de uma música que o Vítor Ramil fez utilizando um poema do Barão de Itararé, Tolice Admirável (alguém mais conhece? lembra da letra?), que dizia que “Os que se julgam espertos acham que a admiração é um alarmante sintoma de ignorância, por isso afirmam que só os tolos se admiram/Os que se maravilham de qualquer coisa, por sua vez, se surpreendem também da impassibilidade dos sabidos, ao quais consideram lamentáveis cegos inconscientes…” e por aí vai, e volto a falar das estrelas, mas sem fugir do meu fascínio com o tempo. Não é admirável saber que olhar para o céu de noite é olhar para o passado?
Que o que na verdade vemos são estrelas cuja luz foi emitida às vezes há milhares de anos e só vemos agora, e que muitas delas, possivelmente já não existam mais, sei lá, explodiram, as imagens do céu nosso de todas as noites, hemisfério sul ou norte, são imagens de um passado distante? Loucura… Mais: as teorias cosmológicas mais aceitas hoje em dia falam que o Universo começou há mais ou menos quinze bilhões de anos com o Big Bang e ainda está em expansão. Ou seja, o Universo não é infinito nem eterno, começou um dia e ainda está “crescendo”. Mas e antes, você – interessado leitor – pode perguntar. Não tem antes!
Se tempo e espaço são uma única dimensão, o tempo só começa quando começa o espaço. É ou não é admirável?
Chega de tergiversar (outra palavra que gosto muito, mas não é bom abusar do seu uso). Tudo o que queria dizer, em resumo, é que o tempo realmente me fascina, e por isso escrevo sobre o que passou, sobre o hoje e sobre o amanhã, e também deve ser por isso que tenho uma memória fantástica com relação a datas, episódios. Mas, acima de tudo, eu queria era dizer que tenho mais exatamente um ano de Canadá. Em primeiro de julho de 2006 (ou num dos dias subsequentes, dependendo de possíveis burocracias) estarei de volta ao Brasil em definitivo, de volta, sentado na porta de minha casa, a mesma e única casa, a casa onde eu sempre morei…
Até.
Nenhum comentário:
Postar um comentário