segunda-feira, julho 18, 2005

Ontem

Ainda repercutindo a Sopa de ontem.

Lembro da primeira vez que estive na Europa, há seis anos. Estávamos nós, os Perdidos na Espace, entrando na parte final da viagem, já na França. Nossa primeira parada foi em Dijon, na região da Borgonha, leste francês.

Visitando a cidade, fomos conhecer, além da Eglise de Notre Dame com suas gárgulas, a Catedral de St-Benigne, na praça de mesmo nome, em estilo gótico. Visitamos também sua cripta, escura e úmida como toda cripta que se preze, que é datada do ano de 1007. Foi neste momento que me dei conta de um fato que vinha notando desde que chegara à Europa, mas ali foi que conectei tudo: somos muito novos.

O Brasil, eu quero dizer.

Eu havia visitado casas, ainda habitadas, que eram mais antigas que o descobrimento do Brasil. Era mais antigas que o país em que nascemos e vivemos. E mesmo assim a Europa volta e meia se mete em confusões, mesmo com toda sabedoria que o tempo traz. E esse é o ponto.

Nós não somos caso perdido, apenas estamos crescendo.

Boa parte dos nossos problemas podem ser creditados ao fato de sermos um país ainda infantil. Nosso sentimento de inferioridade (o que vem do exterior é melhor), alguns deslizes morais até, tudo é coisa de asolescente. Vamos amadurecer, é certo. Só que crescer não é um processo simples e nem indolor. Temos jeito.

Se eu não acreditasse no potencial do Brasil como nação, eu iria embora para não voltar. Mas não é esse o caso. Eu acredito, sinceramente.

Não como nosso destino, que fique bem claro, mas como opção e resultado de muito esforço. Depuração dos problemas, espremendo algumas espinhas (Robertos Jeffersons e, sim, Josés Dirceus da vida). Devagar, com trabalho, chegamos lá. Vai levar tempo? Sim, mas valerá a pena.

A primeira coisa a fazer é investir em educação. Educação e conhecimento proporcionam independência de pensamento, que é o mesmo que liberdade.

Só um detalhe: antes de ficar horrorizados com o que lemos nos jornais sobre corrupção, não seria bom se todos olhassem no espelho e lembrassem do imposto de renda que sonegam, das infrações de trânsito, das pequenas e “inofensivas” violações da lei que cometemos todos os dias?

Um governo nada mais é do que um espelho do povo que o elegeu…

Até.