Não sei se já comentei isso aqui nesse blog, mas todo esse papo de pós-graduação, doutorado, pós-doutorado, fellow no Canadá, tudo isso não passa de perfumaria. Atividades a que me dedico para passar o tempo, nada mais. Sou mesmo é outra coisa.
Sou marido de endocrinologista.
Verdade. Sério mesmo. É uma função a que me adaptei totalmente, apesar das exigências. Sim, porque não é fácil ser um marido de endocrinologista. É uma tarefa que exige dedicação. Acompanhá-la em congressos, por exemplo.
Pensam que é fácil? Pensam? Pensam?
Estão enganados.
Ser acompanhante de congressista é tarefa tão ou mais árdua que ser palestrante. Imaginem a dificuldade que é preencher o tempo livre enquanto ela assiste as palestras. Num hotel de praia! Ou num resort! E além disso, frequentar todos os coffee breaks, ser obrigado a visitar todos os estandes da indústria farmacêutica, participar de sorteios, ganhar brindes. É uma tarefa extenuante.
E depois as jantas, as festas. É atividade social que não acaba mais. Somos quase massacrados por tamanha demanda de eventos gastronômicos, esportivos e de lazer. Sim, eu disse somos, porque em determinado momento percebi que eu não estava sozinho nessa, outros passavam pela mesma situação que eu.
E ninguém falava nada! Nenhuma voz se levantava contra essa situação desumana. Algo precisava ser feito!
No início timidamente, começamos a trocar idéias e experiências semelhantes, até que tomamos coragem e criamos nossa própria associação. Nos organizamos! E a nossa situação, enquanto maridos de endocrinologistas, mudou.
A A.M.E. (Associção dos Maridos das Endocrinologistas) foi criada há quase quatro anos para tornar a vida de seus sócios bem mais agrádavel do que já era. É uma entidade sem fins lucrativos, cujo único objetivo é proporcionar grandes momentos aos seus sócios. E desde a sua criação tem conseguido cumprir sua função.
A hierarquia é simples. Temos cargos vitalícios. O Pedro é o presidente vitalício porque é quem está casado há mais tempo (se bem que… deixa para lá). O vice-presidente vitalício e momentaneamente servindo como embaixador da A.M.E. no Canadá é este que vos escreve. Aceitamos novos sócios, sim, mas não é um processo tão simples.
Há uma reunião secreta da diretoria em que é debatida a proposta de adesão do novo sócio e, se aceito, há um período probatório, em que o novo sócio – chamado de ‘bagrinho’ – deve passar por certos testes, além do cri-cri e de eventualmente “pagar dez”, só para ele lembrar de como eles eram frouxos no exército…
E nunca, jamais, em hipótese alguma, tentar beber a garrafa de Johnie Walker da diretoria.
Bom sábado a todos.
Até.
3 comentários:
Oi Marcelo; Adorei a associação. Eu ia adorar viajar, conhecer pessoas, comer, participar de sorteios. Deixa de ser chato. bjs,
Por ser marido de endocrinologista voce precisa ter uma dieta muito rigorosa e saudavel?!
Eu acho que nao ia prestar pra ser mulher de endocri nao. Eu ia querer comer muffin todo dia e ele nao ia deixar.
Se bem que eu arrumei um que e analista financeiro e age como endocrinologista do mesmo jeito ;)
Beijos
Pootz...não existe a APE, Associação dos Pacientes de Endocrinologistas?
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