Arte não tem dono.
Todo o artista sabe: depois de criar a sua obra - canção, escultura, pintura, poesia, prosa, etc -, ela não pertence mais a ele, ela é do mundo. A arte é patrimônio da humanidade.
Atenção: não estou falando contra os direitos autorias, ou direitos de criação, sobre uma obra, que são justos e devem ser pagos, e meu pensamento também não está indo no sentido de que toda a arte do mundo, do universo, está no ar, etérea, aguardando alguém com sensibilidade para materializá-la e decodificá-lo para o resto dos humanos, os não-artistas. Não, não é esse o sentido do que quero dizer.
O fato de uma obra de arte transformar-se em domínio público assim que é criada (ou exposta ou cantada ou lançada) é simplesmente porque arte não é igual para duas pessoas. Por exemplo, a mesma pintura pode ter dois significados completamente diferentes para duas pessoas. Da mesma forma que uma poesia. Ou uma canção.
A interpretação, o sentido, que damos a uma música que ouvimos, depende de muitos fatores, todos pessoais. É o mesmo que acontece com todas as outras experiências que passamos na vida: o seu significado vai depender daquilo que vivemos antes e vai determinar o que viveremos dali para frente.
Por isso não levo em conta o que os críticos de arte dizem. Em verdade, acho todos uns palhaços pressunçosos. Não os leio, para ser mais exato. Quem pediu a sua opinião sobre um filme – por exemplo – cuja qualidade e sentido dependem só da minha opinião, que é a que importa, já que sou eu quem vai ver o filme e os fatores que vão definir se vou gostar ou não são pessoais meus, íntimos?
Mas não era de cinema nem de crítica de arte que eu queria falar.
Era sobre música e seus significados.
Eu não quero saber o que o autor de determinada letra estava querendo dizer quando a compôs. Nem o que ela deve significar, porque quem define o que ela significa é quem a está ouvindo. As intenções do autor pouco importam. Se ele queria passar determinada mensagem ao público e o público não capta a tal mensagem, ele falhou.
A música que é universal, fala do autor e sua mensagem transcende a ele, e de uma experiência pessoal ou de idéias pessoais, transforma-se numa mensagem que todos os que estão ouvindo captam como se ela falasse de si mesmo, como se a música tivesse sido composta por ele mesmo falando de sua própria vida.
Esse é um perigo dos shows, quando os artistas se empolgam e contam histórias sobre as músicas. Às vezes o comentário é inofensivo, como quando diz que a música foi feita para determinada pessoa. Outras vezes, e é o caso desses Cds ao vivo da Legião Urbana lançados depois da morte do Renato Russo, em que não editaram as suas falas, e há registros de muita bobagem que ele disse. Ao lado de afirmações em tom messiânico típico, “Nenhuma guerra pode ser santa”, estão coisas como “Essa música eu fiz no banheiro… porque eu não me envergonho de cagar…”.
Podíamos ficar sem essa…
Até.
3 comentários:
Críticos levam bem a sério seu trabalho. Criticam. Pena que é difícil falar bem, eles só falam mal e na maioria das vezes, só falam besteira. Abraço.
Li sobre o multiculturalismo. Eu concordo quando voce diz "O Canada nao e la essas coisas". Eu acho que os Brasileiros tem uma idolatracao com outros paises absurda, acham que tudo aqui e maravilhoso. Teve amigo meu de falar que quer ir pra Inglaterra, porque la ele vai encontrar gente de nivel cultural e intelectual, como ele. Nem preciso falar que acabei com os sonhos(ou seriam ilusoes) dele. De qualquer forma, eu poderia ter passado sem essa do banheiro...:P
Hahahahahhaha!!! Deixa o homi expressar sua opinião, ô! Liberdade de expressão!!
Hahahhahhaha... Fala sério!!!
Bjoca
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