domingo, setembro 28, 2025

A Sopa

Futebol. Ou não. Ou por pouco tempo.

 

Em casa, sou minoria. São duas mulheres e eu. Então, quando existem votações para alguma decisão, posso ser facilmente derrotado por elas. E está bem, faz parte. Nossa dinâmica familiar funciona muito bem.

 

Existe, porém, uma situação em que eu – mesmo minoria – tenho a preferência, a prioridade. Ocorre uma, às vezes duas vezes na semana. E é quando digo uma frase que causa desâmino nas duas: ‘Hoje tem Inter”. É o momento em que tenho o direito de ter a televisão para mim por duas horas, mais ou menos o tempo que dura um jogo de futebol. Só que...

 

Eu não gosto de futebol.

 

Eu torço para o Inter, o que é diferente, no sentido em que usualmente eu não paro em frente à televisão para olhar jogos de outros times, ou dispenda um tempo grande com minha atenção focada nisso, principalmente se são jogos de outros times nacionais. Prefiro fazer outras coisas.

 

E com relação ao torcer pelo Inter, e isso vale para o futebol em geral, à medida que fui amadurecendo, percebi que isso não poderia ser um condicionante do meu humor. Não poderia (ou deveria) basear meu humor ou mesmo – exagero – felicidade em resultados de jogos em que não tenho a menor ingerência ou controle. O futebol deveria ser apenas diversão.

 

De ser ‘O Pior Torcedor’ (aquele que não incomoda os torcedores de outros times porque não quer ser incomodado) passei a uma atitude diferente, caracterizada por dois pontos principais: em primeiro lugar, mesmo sendo fundamental a vitória e o ganhar títulos, objetivo máximo, percebi que a jornada valia muito. Foram grandes jogos, momento bons, mas no final perdeu o campeonato, paciência, me diverti na jornada. Não está tudo ruim, no final das contas. Segunda característica, então, é que futebol deve ser diversão. Se está bem, ganhando, ótimo. Se não está bem (como a fase atual, por exemplo), está bem também, não vai afetar minha vida, não vai estragar meus dias. Se estou assistindo um jogo e não está jogando bem, começa a perder, paro de assistir e vou fazer outra coisa. Nesse caso, a negação é a melhor estratégia. Não leio, não ouço e não vejo sobre futebol. Largo de mão, de forma bem tranquila. Até o começo do próximo ano, quando “zera o cronômetro” e começamos de novo. 

 

Por isso, aqui em casa, quando digo que ‘Hoje tem Inter’, elas já sabem que é provável que aquelas duas horas se tornem bem menos tempo. Se é um jogo noturno, então, é bem possível que elas possam assistir ao seu seriado preferido e eu vá ler alguma coisa.

 

E tenho lido muito por esses dias...


Até.