O silêncio não é total.
Mesmo que não haja música tocando no carro em que faço o trajeto habitual das manhãs de quinta-feira em direção ao trabalho, e mesmo que eu abstraia o ruido da chuva que cai constante e regularmente desde a madrugada, ainda assim, e talvez exatamente por isso, não consigo vislumbrar o silêncio total. A paz do silêncio relativo tem que ser suficiente.
Enquanto não há música e nem notícias e nem comentários preenchendo o carro, fico cá com meus botões em um ciclo de pensamentos que variam entre a expectativa da realização de projetos, lembranças de fatos e pessoas que estão ou não por perto, e a organização mental das atividades do dia. Não há silêncio porque o mundo segue com seus ruídos externos que por vezes são menos intensos que os internos.
Porém chove, e a água que se acumula nos cantos das ruas, o bater intermitente das gotas no vidro do carro, o cinza de uma manhã de quinta-feira que já é quase sexta e que logo será sábado de manhã, o melhor momento da semana, mesmo que esteja frio e não haja previsão de sol.
O silêncio relativo que hoje é úmido será quebrado pelo café passado quente e por conversas amenas das manhãs entre amigos antes de iniciar o longo dia de trabalho que terminará – adivinhe – com um churrasco e (mais) conversas e bobagens e histórias.
Até.