segunda-feira, setembro 08, 2025

Eu, brinco?

Quando passei no vestibular, no início de 1989, decidi que era o momento certo para – já que eu começaria uma fase nova, conheceria pessoas novas – furar a orelha e colocar um brinco. Era uma vontade que eu tinha, achava legal, e assim o fiz. Fui em uma farmácia, tive a orelha furada e colocado um brinco.

 

Foi uma merda.

 

Houve um grande reação inflamatória, que se seguiu de infecção, minha orelha ficou ainda maior do que era, inchou, o brinco praticamente desapareceu dentro da orelha em meio à inflamação. Acabei tirando, e iniciei a faculdade sem usar brinco. Fiquei assim pelos próximos onze anos quando, já casado, logo antes de uma viagem, decidimos, a Jacque e eu, furar minha orelha novamente. Ela fez em casa, utilizando-se do furo que já existia para reabrir, e fomos viajar.

 

Inflamou de novo. Em plena viagem.

 

Chegando na Itália, compramos um produto antisséptico, Germo Zero, e segui, até cicatrizar e normalizar. Funcionou, e a partir daí – há vinte cinco anos - uso brinco na orelha esquerda. Sempre nas férias, o que virou uma marca nossa: ao entrar de férias, principalmente quando íamos viajar, eu colocava o brinco.

 

Houve um momento, então, já em 2022, quando – ainda em meio à pandemia – tiramos férias, a Jacque, a Marina, a Karina, a Roberta, o Gabriel e eu e fomos de carro para o Uruguai, os seis no mesmo carro. Foi muito legal, e essa viagem está contada no que talvez possa virar um livro um dia desses. 

 

Talvez por ser depois de um período de isolamento e em meio à tensão que foi a pandemia, ao longo das férias fui relaxando progressivamente, sendo tomado por leveza e grande diversão. Não lembro de muitos outros momentos assim, de tamanhas leveza e diversão.

 

E eu usava brinco.

 

Associou-se, então, o usar brinco com um lado meu mais relaxado, mais tranquilo, mais leve. Seriam dois Marcelos: o de brinco e o sem brinco, sendo o último mais mal-humorado e meio ranzinza. Não é verdade, mas é uma história – ao menos – engraçada. 

 

Pois bem, hoje em dia, além de nas férias, uso brinco aos finais de semana também.

 

E procuro ser sempre, ou cada vez mais, o ‘Marcelo de brinco’.


Até.